sobre

MarcaPasso surge em um momento de minha vida em que eu não me encontro satisfeita com os atravessamentos que foram surgindo ao longo da minha caminhada artística. Com isso, eu alimentava uma vontade de mudar de Belo Horizonte/MG para Salvador/BA para construir algo diferente, me desafiar. Certo dia, quando estava trabalhando Teatro Espanca, um grupo de mulheres realizou uma apresentação de dança contemporânea que me encantou. Aquela experiência havia me instigado mas parecia distante da minha realidade... Após o evento, em uma conversa descompromissada, o Alexandre me propôs criar algo onde ele me auxiliaria com um olhar externo. Não sabíamos ao certo qual seria o caminho... tínhamos certeza que seria algo próximo a nós e, a direção a ser tomada, mais próxima das histórias da nossa vida. Partimos da seguinte pergunta: o que é o amor?

Com esse questionamento busquei depoimentos de pessoas próximas. Recebi áudios de minha mãe, das minhas irmãs, de algumas amigas. Todos eles emocionantes e surpreendentes, mas eu ainda não conseguia desenvolver algo que meu corpo traduzisse em dança... Conversei muito, com diversas pessoas, sobre amor e o impacto dele. Revisitei memórias afetivas/sexuais para sentir o amor em mim e tudo que ele havia me causado até o momento. Me questionei sobre um amor idealizado, quase de propaganda de manteiga, onde eu não me enxergava nem me sentia pertencente... Comecei a pensar no amor preto, no modo de amar de pessoas pretas, ou melhor, nos meus amores pretos…

Em um dia de conversa/ensaio, me cobrando muito e não conseguindo dançar as falas dos relatos que eu havia recebido, sentei e comecei a chorar. Abri o whatsapp em uma conversa com uma amiga e comecei a falar tudo que eu estava sentindo e tentando criar naquele momento. Foi um áudio longo que, quando terminei e fui ouvir, estava ali. Em acordo com o Alexandre, entendemos que a dramaturgia do que eu precisava para dançar estava presente. Meu próprio relato e um turbilhão de sentimentos. Ufa... Era o início de algo que, mesmo algumas pessoas lendo como exposição, eu considerei como um presente. Um presente tão embrulhadinho que eu nem saberia qual seria a minha reação quando terminasse de abrir.

Na segundaPRETA, onde nosso experimento estreia, eu fico com frio na barriga, mãos tremendo, coração suando. Entro em cena e começo a me escutar... Procuro entender tudo que tinha buscado de amor em mim até aquele momento. Acho que, por alguns momentos, eu entrei tanto em mim que quando volto já estava no final. Me deparei com o público quente e emocionado. E eu emocionada junto com todes presentes. Estava feito. Meu coração estava preenchido, regulado. Paciente e médico.

Nosso caminho agora se retoma.
Não estamos sós...
Próximos passos.
MarcaPasso segue em construção e, em breve, uma versão estendida.

Sinopse

Um experimento dispositivo que tem como objetivo regular alguns batimentos cardíacos

Ficha técnica

Atuação: Suellen Sampaio
Direção: Alexandre de Sena
Figurino: Suellen Sampaio e Alexandre de Sena
Iluminação: Preto Amparo
Fotografia e Vídeo: Pablo Bernardo
Produção: Aristeo Serra Negra
Intérprete de Libras: Jane Silva

Cena Curta

clipping | prêmios

MarcaPasso estreou em 16 de setembro de 2019 na 8a temporada da segundaPRETA em Belo Horizonte/MG, fez parte da Ocupação Preta no Sesc Pompeia na Mostra Cênica Aquilombar no mesmo ano e integrou a programação do FAN - Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, em novembro de 2019.

Em 2020, recebeu o prêmio Leda Maria Martins, na categoria CORPO ADEREÇO e participou do mOno_festival - segunda edição/SP.

:: Clipping

Para ouvir

release

O primeiro impulso foi criar um trabalho solo de Suellen Sampaio.

O primeiro material foi a música Peau de Chagrin - Bleu de Nuit, de Baloji, um rapper belga de origem congolesa. A letra da música fala de amor, um amor diaspórico. O segundo passo do processo foi o recolhimento de depoimentos de mulheres negras. A pergunta feita para estas mulheres: o que é o amor para você?

A continuidade da criação se deu em ensaios abertos, conversas e leituras de textos de bell hooks. O experimento teve sua primeira apresentação na 8a temporada da segundaPRETA e em seguida no FAN - Festival de Arte Negra.

A estréia do espetáculo estava planejada para o mês de maio de 2020, mas devido a pandemia os ensaios foram interrompidos e a estreia será logo quando retornarmos à convivência social.

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